“Vale dos Elfos I”, o título, por si só, introduz uma ideia, ideia
essa que causa, dependendo do perfil do leitor, uma expectativa de que a
história fictícia tende a seguir ou copiar aquele estilo cujas características
entre personagem, tempo e espaço, permaneçam intocadas. Mas... não é assim, não
é assim que devemos pré-interpretar o conteúdo de um livro, sem antes, tomá-lo
em nossas mãos e assumirmos um compromisso de ler na íntegra a sua trama, tal
como propõe esta obra.
O início da estória se dá num tempo que, a princípio, causa-nos uma
estranheza quanto ao seu deslocamento para o “depois” ou o “antes”, devido ao
ano conforme o calendário das criaturas elfas que se descreve numericamente em
“20.500”, fazendo-nos recordar as culturas de algumas nações do oriente médio
em que seus calendários se diferem na contagem de tempo anual e suas datas
iniciais. A obra, portanto, situa-se num tempo antes de Cristo, mais
precisamente na idade média em que se ouvia mencionar esses seres (elfos, além
de outros), tidos como extraordinários nas literaturas fantásticas, estas
originárias dos países nórdicos da Europa.
Uma longa luta se trava entre duas grandes forças que regem as
criaturas mortais. De um lado, o bem, representado pelos bravos guerreiros das
Terras Centrais, e de outro, o mal representado pelas criaturas que habitam os
reinos das trevas. O que está em foco? A eterna disputa pelo poder? Quem assume
o papel de ser o seu possessor por meio da cobiça? Questões que, no decorrer da
obra, se esclarecem para o leitor por meio das próprias personagens, uma vez
que o narrador encarrega a elas o papel de conduzir a estória enquanto ele
assume uma posição (de certa forma, confortável), de descrever os arredores de
seu desenrolar dentro do espaço, tempo e ação.
Dando-se a sequência da obra, o leitor atrás dos bastidores (tempo e
espaço), começa a se inteirar do foco central da trama que é a guerra entre a
força do bem e a força do mal, cujo alvo da luta que se trava, são os
territórios. Territórios esses descritos nos grandes reinados situados nas
Terras Centrais. De outro lado, com merecido destaque, situa-se o reinado
aliado ao mal, incrustado nas trevas dentre outros, o Reino dos Vampiros cujo
imperador chama-se Maruk, líder de um grande exército com a incumbência de
invadir os reinados das Terras Centrais.
Que propósito leva essa personagem “com roupagem de vilão” a querer se
apossar de outros reinados? Vaidade? Status? Ambição aliada à crueldade?
Caberia ao leitor, sem se deixar influenciar pelas informações das personagens
ou do narrador, isto é, ir além destas, julgar por meio da percepção visual o
real objetivo que induz a personagem antagonista a querer invadir os outros
territórios. Os heróis, por outro lado, tendo o papel de combater o inimigo que
se formara, procuram, ao longo da trama, trazer o leitor para perto de si, com
o intento de inteirá-lo da situação presente, no momento em que se munem das
informações no campo da ciência e dos fatos que se sucedem a cada instante na
estória.
E, em se tocando no foco das informações, o que caracteriza esta obra,
faz-se notar, que o narrador (este explorando as personagens), associa estas à
moral ligada ao ego do indivíduo, no aspecto racional e emocional da forma como
é abordado cada assunto.
“ –
Nessa guerra que há de se iniciar, qual será o nosso maior inimigo e o nosso
maior desafio?”
“ –
O maior inimigo serão os seus medos e hesitações, e o maior desafio será
vencê-los. ...”
Um texto, como foi citado
anteriormente, dominado pelas personagens, ao passo que o narrador atua como um
informante dos fatos que se sucedem, enfatizando sempre o espaço, tempo e ação.
Enfim, uma obra, contínua em que o “fim” somente se emprega como o começo de
uma nova saga ou aventura, conforme explana o narrador ao encerrar este
primeiro volume.
Leitura de linguagem acessível,
cujos vocábulos existentes no texto alinham-se, talvez, ao estilo do autor, uma
vez que ele tem a terna preocupação de dar ao seu leitor um “certo conforto”,
com o intuito de enlaçá-lo ao universo imaginário que forjara em sua obra.
Basta apenas que este (o leitor), abra os olhos externos mediante as linhas
escritas do livro, ao mesmo tempo em que ele feche o olho interno localizado em
seu intelecto para viajar na obra e se embeber das diversidades cênicas que
envolvem as personagens, o tempo e o espaço. Uma literatura verdadeiramente fantástica
com seres de tempos distintos impregnados na estória. Um livro recomendado para
todas as idades, a partir dos 10, mas principalmente, recomendado para aqueles
que desejam enveredar-se pelo caminho da escrita e se tornar grandes
escritores.
Hélios J. Rodrigues – Escritor.
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