terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Análise crítica da obra “Vale dos Elfos I”





“Vale dos Elfos I”, o título, por si só, introduz uma ideia, ideia essa que causa, dependendo do perfil do leitor, uma expectativa de que a história fictícia tende a seguir ou copiar aquele estilo cujas características entre personagem, tempo e espaço, permaneçam intocadas. Mas... não é assim, não é assim que devemos pré-interpretar o conteúdo de um livro, sem antes, tomá-lo em nossas mãos e assumirmos um compromisso de ler na íntegra a sua trama, tal como propõe esta obra.
O início da estória se dá num tempo que, a princípio, causa-nos uma estranheza quanto ao seu deslocamento para o “depois” ou o “antes”, devido ao ano conforme o calendário das criaturas elfas que se descreve numericamente em “20.500”, fazendo-nos recordar as culturas de algumas nações do oriente médio em que seus calendários se diferem na contagem de tempo anual e suas datas iniciais. A obra, portanto, situa-se num tempo antes de Cristo, mais precisamente na idade média em que se ouvia mencionar esses seres (elfos, além de outros), tidos como extraordinários nas literaturas fantásticas, estas originárias dos países nórdicos da Europa.
Uma longa luta se trava entre duas grandes forças que regem as criaturas mortais. De um lado, o bem, representado pelos bravos guerreiros das Terras Centrais, e de outro, o mal representado pelas criaturas que habitam os reinos das trevas. O que está em foco? A eterna disputa pelo poder? Quem assume o papel de ser o seu possessor por meio da cobiça? Questões que, no decorrer da obra, se esclarecem para o leitor por meio das próprias personagens, uma vez que o narrador encarrega a elas o papel de conduzir a estória enquanto ele assume uma posição (de certa forma, confortável), de descrever os arredores de seu desenrolar dentro do espaço, tempo e ação.
Dando-se a sequência da obra, o leitor atrás dos bastidores (tempo e espaço), começa a se inteirar do foco central da trama que é a guerra entre a força do bem e a força do mal, cujo alvo da luta que se trava, são os territórios. Territórios esses descritos nos grandes reinados situados nas Terras Centrais. De outro lado, com merecido destaque, situa-se o reinado aliado ao mal, incrustado nas trevas dentre outros, o Reino dos Vampiros cujo imperador chama-se Maruk, líder de um grande exército com a incumbência de invadir os reinados das Terras Centrais.
Que propósito leva essa personagem “com roupagem de vilão” a querer se apossar de outros reinados? Vaidade? Status? Ambição aliada à crueldade? Caberia ao leitor, sem se deixar influenciar pelas informações das personagens ou do narrador, isto é, ir além destas, julgar por meio da percepção visual o real objetivo que induz a personagem antagonista a querer invadir os outros territórios. Os heróis, por outro lado, tendo o papel de combater o inimigo que se formara, procuram, ao longo da trama, trazer o leitor para perto de si, com o intento de inteirá-lo da situação presente, no momento em que se munem das informações no campo da ciência e dos fatos que se sucedem a cada instante na estória.
E, em se tocando no foco das informações, o que caracteriza esta obra, faz-se notar, que o narrador (este explorando as personagens), associa estas à moral ligada ao ego do indivíduo, no aspecto racional e emocional da forma como é abordado cada assunto.
“ – Nessa guerra que há de se iniciar, qual será o nosso maior inimigo e o nosso maior desafio?”
“ – O maior inimigo serão os seus medos e hesitações, e o maior desafio será vencê-los. ...”
Um texto, como foi citado anteriormente, dominado pelas personagens, ao passo que o narrador atua como um informante dos fatos que se sucedem, enfatizando sempre o espaço, tempo e ação. Enfim, uma obra, contínua em que o “fim” somente se emprega como o começo de uma nova saga ou aventura, conforme explana o narrador ao encerrar este primeiro volume.
Leitura de linguagem acessível, cujos vocábulos existentes no texto alinham-se, talvez, ao estilo do autor, uma vez que ele tem a terna preocupação de dar ao seu leitor um “certo conforto”, com o intuito de enlaçá-lo ao universo imaginário que forjara em sua obra. Basta apenas que este (o leitor), abra os olhos externos mediante as linhas escritas do livro, ao mesmo tempo em que ele feche o olho interno localizado em seu intelecto para viajar na obra e se embeber das diversidades cênicas que envolvem as personagens, o tempo e o espaço. Uma literatura verdadeiramente fantástica com seres de tempos distintos impregnados na estória. Um livro recomendado para todas as idades, a partir dos 10, mas principalmente, recomendado para aqueles que desejam enveredar-se pelo caminho da escrita e se tornar grandes escritores.

Hélios J. Rodrigues – Escritor.

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Poeta e escritor: BH, MG. “Ao nascer, o homem é suave e flexível, Na sua morte é duro e rígido. Plantas verdes são tenras e úmidas; Na sua morte, são murchas e secas. Um arco rígido não vence o combate. Uma arvore que não se curva à força da tempestade, quebra. O duro e o rígido tombarão. O suave e o flexível sobreviverão.” DAO DE FING VERSO 76